O Maglev-Cobra operou, nesta terça-feira, 23/03, a segunda série de viagens abertas ao público. Despertando grande interesse da sociedade, o trem de levitação magnética da Coppe/UFRJ conduziu 230 passageiros, ao longo de duas horas, percorrendo o trajeto que liga as estações do Centro de Tecnologia (CT) e Centro de Tecnologia 2 (CT 2) da UFRJ. As viagens demonstrativas são realizadas todas às terças-feiras, em dois horários: 11 às 12h e 14 às 15h, na Cidade Universitária.Com o sucesso da operação da linha experimental de 200 metros, o professor Richard Stephan, que coordenou o projeto, desenvolvido pelo Laboratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup) da Coppe, já planeja as próximas etapas necessárias para que o trem leve, compacto, silencioso e ambientalmente sustentável, esteja disponível para a melhoria do transporte urbano no país."Tudo correndo conforme o previsto, o Maglev deve ser certificado em 2017, para que em 2020 entre em operação uma linha de 5km, na Cidade Universitária, ligando a Estação de BRT Aroldo Melodia ao Parque Tecnológico, como proposto pelo Plano Diretor da UFRJ para 2020. Essa linha poderia ser estendida, em ambas as pontas, de forma a atender e interligar os dois aeroportos, do Galeão e do Santos Dumont", explica o professor.O avanço do projeto teria um efeito positivo para diversos segmentos da indústria nacional (fábricas de peças, ímãs, supercondutores), do setor de serviços, e também da pesquisa acadêmica (engenharias mecânica, elétrica, eletrônica e de materiais). Com o know how já disponível, a implementação do Maglev no atendimento de transporte de massa, no Rio de Janeiro e no Brasil como um todo, depende de um maior aporte de recursos financeiros e ampliação de parcerias com empresas públicas e privadas.
Tecnologia desperta a curiosidade dos alunos e pesquisadores
As viagens demonstrativas animaram alunos, professores e funcionários da Cidade Universitária, assim como visitantes, entre eles alunos de outras instituições, que vieram de outros pontos da cidade só para conhecer o Maglev-Cobra. A maioria atraída pela repercussão de mídia e pela curiosidade em relação à tecnologia empregada no projeto.
Fernando aluno
Segundo Fernando Gonçalves, 20 anos, aluno da Escola Politécnica da UFRJ, o poder público deve levar em conta a nova tecnologia ao formular novas políticas para a cidade. "O trem ainda não está em escala otimizada, mas já é possível ver que vai ser uma alternativa muito boa para a cidade. O veículo é silencioso, se integra bem com a cidade, pois não tem aquele ruído incômodo típico do transporte público. Mas, para ser integrado isso precisa ser feito de forma planejada, ser inserido no Plano Diretor da cidade", ressaltou.
Lavinia1
O conforto agradou a professora Lavínia Borges, do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe/UFRJ. " O que mais me impressionou é que o veículo se desloca de maneira suave, leve, sem fazer movimentos bruscos. Quando estiver pronto para ser operacionalizado pela cidade vai ser ótimo com certeza", elogiou a professora.
Para o aluno de Física da Universidade Federal Fluminense (UFF), Cauê Nogueira, 19 anos, é sempre mais interessante investir em transporte de massa do que focar no transporte rodoviário individual. "Mas é importante verificar os custos operacionais, pois a refrigeração dos supercondutores custa caro. De tudo, o que mais me chamou a atenção foi a tecnologia de levitação magnética mesmo", ressaltou Cauê.
Sobre o Maglev-Cobra
Esta versão do Maglev-Cobra é composta por quatro módulos de 1,5 metro de comprimento cada e pode transportar até 30 passageiros por viagem. Mas é possível conectar novos módulos e aumentar a capacidade caso haja necessidade. Como se trata de uma linha experimental para demonstrar a tecnologia de levitação, o trem circulará a uma velocidade de 20 km/hora. Entretanto, o veículo poderá atingir até 100 km/hora ou mais, com segurança, em percursos mais longos.
O Maglev-Cobra tem uma série de vantagens se comparado a outros meios de transporte. A principal delas é o baixo custo de implantação por quilômetro, que é de cerca de 1/3 do valor necessário para implantação do metrô na mesma extensão. Isso se deve ao fato de o Maglev dispensar a construção de instalações complexas e dispendiosas. A linha de demonstração existente na Coppe, por exemplo, foi instalada em uma passarela sustentada por pilares, que não interfere ou obstrui a passagem de veículos e pedestres.
A operação silenciosa e a não emissão de poluentes são outras vantagens do trem de levitação, que é movido à energia elétrica da rede convencional. O projeto de implantação de linha experimental incluiu também a instalação de quatro painéis de energia solar fotovoltaica capazes de gerar energia suficiente para alimentar o veículo.
O trem de levitação magnética também leva vantagens sobre os trens convencionais do tipo roda-trilho. “O trem de levitação magnética é mais rápido do que os trens roda-trilho na velocidade de cruzeiro, na aceleração e na frenagem”, explicou o professor Richard Stephan.
Para desenvolver o projeto do Maglev-Cobra, a Coppe/UFRJ contou com financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e com o apoio da OAS, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, da Vallourec, da White Martins, da Akzo Nobel e da Weg.
Fonte: Planeta Coppe